24/06/2010

Dias Comuns - Uma crônica sobre a rotina.


Gostaria de ter uma inspiração arrebatadora que fizesse minha trêmula mão rascunhar palavras de maneira ansiosa. Seria muito bom ter contos notáveis para compartilhar, experiências emblemáticas, aventuras fantásticas que concedessem valor de atos meritórios.
Dias comuns são tudo o que tenho para relatar. Me recordo o que de heróico fiz: Vi o dia nascer e peguei um trem lotado. Trabalhei até o entardecer e cheguei em casa cansado. Se não fosse o bastante, ainda me pergunto como honrarei todos os meus compromissos financeiros, no fim do mês...
Possuo em minhas mãos uma rotina pacata. Gasto horas lendo jornal. Administro bem a tontura provocada pela maresia, mas não me privo de navegar na internet. Observo os botões que desabrocham, suas cores, suas formas... E sinto um estranho prazer em lavar louças.
De vez em quando penso na mesmice das pessoas ao meu redor, aonde o lugar comum pode ser um cotidiano de agressões, de abusos e humilhações. Violências e privações.
Por mais estranho que soe aos meus ouvidos, existem inúmeras pessoas vivendo essas adversidades. Já nem se perturbam mais, quando vivem um novo dia de angústia ao invés de paz.
Há no mundo uma parcela da humanidade que desconhece o significado de coisas simples, tais como: Encostar a cabeça no travesseiro e agradecer a Deus por mais um dia. Na vida de certas pessoas o incomum é tão natural que o sofrimento se torna coisa banal.

Rio de Janeiro 21 de Junho de 2010.